sábado, 7 de janeiro de 2012
Festa dos Santos Inocentes em Belém
Belém, Basílica da Natividade – Gruta de São José, 28 de dezembro de 2011
Enquanto a cidade de Belém retorna à tranquilidade, depois dos intensos e coinvolgentes dias do Santo Natal, a comunidade franciscana celebra, no dia 28 de dezembro, uma outra significativa festa ligada a este período natalício, ou seja, a Festa dos Santos Inocentes. A liturgia acontece na Gruta da Natividade, no interior da Basílica da Natividade em Belém. Ao longo da nave da Igreja de Santa Catarina, particularmente numa pequena escada escavada num sistema de antigas grutas, a gruta central se encontra no lugar denominado Gruta de São José. Ela se encontra ao lado da Gruta da Natividade, dividida posteriormente por um muro e sendo dedicada a São José. Recorda a visão que o esposo de Maria teve em sonho, quando o anjo o exortou a tomar consigo Jesus e sua Mãe e fugir para o Egito, porque o Rei Herodes estava procurando o Menino para o matar (Mt 2,13). No fundo da gruta, num patamar elevado, encontra-se um pequeno altar, que é acessado pela subida de duas escadas em seus dois lados. À esquerda, sob os fundamentos dum muro do tempo de Constantino, um arco preconstantiniano, que hospeda alguns nichos dos séculos I-II d.C. Ao lado, sempre à esquerda, se encontra a Gruta dos Santos Inocentes, dedicada às crianças mártires de Belém, mortos na tragédia comandada pelo Rei Herodes, depois que soube do nascimento de Jesus naqueles lugares.
Neste Santo Lugar, num clima de intimidade e recolhimento, na manhã de 28 de dezembro, Frei Artêmio Vitores, Vigário custodial, presidiu a Santa Missa solene, circundado por vários sacerdotes concelebrantes que encontraram lugar ao lado do pequeno altar, adornado com bonitas flores brancas para esta especial ocasião. Muitas religiosas participam na celebração: irmãs franciscanas, irmãs de Santa Brígida, irmãs do Rosário, irmãs de São José, irmãs da Madre Teresa de Calcutá, dentre outras, que encheram a pequena gruta. Nos lados e no fundo da sala, encontram-se também alguns peregrinos, atraídos por esta especial celebração, bem como alguns cristãos locais de língua árabe.
Na homilia, depois de evidenciar uma longa tradição onde é contextuada a Festa dos Santos Inocentes, que aparece nos antigos calendários desde o quarto século, Frei Vitores tece uma breve reflexão sobre o Santo Natal, sobre o Filho de Deus, que entra no mundo como um menino pobre, ao qual tudo falta, porém, infinitamente enriquecido pela Graça celeste. No mistério de seu nascimento se realiza o nascimento da Vida, da plenitude da Vida, pelo qual São Francisco, em cada Santo Natal, nos exorta a “fazer-se pequeno como o Menino” (2 Cel 35), para descobrir nos pobres e humildes a riqueza da Vida divina, que se faz frágil e escondida no meio de nós.
E as primeiras testemunhas deste Deus, que se fez Menino em Belém, as primeiras vítimas, os primeiros mártires solidários com Cristo, são propriamente os Santos Inocentes, que recebem com o seu dramático testemunho o batismo de sange, a palma e a coroa que lhes associa ao cortejo do rei messiânico. Porém, se a glória deste pequenos Santos infunde em seus animados sentimentos de ternura e simpatia, o seu trágico acontecimento, a atroz violência que sofreram transforma-se em protesto contra toda tentativa de golpear, violentar e destruir as crianças inocentes. Jesus mesmo exorta, com vigor, a não transgredir este mandamento: “Guardai-vos de menosprezar um só destes pequeninos, porque eu vos digo que seus anjos no céu contemplam sem cessar a face de meu Pai que está nos céus”(Mt 18,10). Por isso, como também sublinhou o Papa Bento XVI, a Festa dos Santos Inocentes nos conduz a recordar e a rezar por todas as crianças que, ainda hoje, são vítimas de toda forma de violência, da falta de uma família, da pobreza material e cultural, do emprego de menores nos conflitos armados, do tráfico ilícito, das ações criminais. Por outro lado, aquela violência radical impede as crianças de realizar o projeto que Deus pensou pra eles, porque lhes é tirado antes mesmo do seu nascimento, pela prática do aborto. Enfim, Frei Vitores quis recordar especialmente os tantos cristãos mártires, mesmo os mais recentes, na Nigéria, Egito e Iraque e em outras partes do mundo.
Depois de um simples almoço, compartilhado com a comunidade franciscana local, Frei Vitores, acompanhado pelos franciscanos de Jerusalém e os estudantes da peregrinação a Belém, retornou à Gruta de São José para presidir as Vésperas solentes e comemorar mais uma vez aqueles pequenos mártires do tempo de Jesus. Ao lado do Vigário custodial, para as Vésperas, estava Frei Stephane Milovitch, atual guardião da Basílica da Natividade em Belém.
Texto: Caterina Foppa Pedretti
Foto: Marco Gavasso
Fonte: http://pt.custodia.org/default.asp?id=2048&id_n=18846&Pagina=1
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