quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Uma festa da Epifania marcada pela atualidade


Quarta-feira, 5 de janeiro. O Custódio, como é habitual, fez a entrada solene em Belém na vigília da festa da Epifania. Das três entradas que se sucedem desde a festa de santa Catarina, esta é a mais simples, se bem que segue o mesmo protocolo com a abertura das três pesadas portas de aço que fecham, já há alguns anos, a antiga estrada dos patriarcas para “isolar” a tumba de Raquel.

Cerca de trinta automóveis de Belém, Beit Jala e Beit Sahour, uniram-se aos que saíam de Belém para acompanhar o Custódio na praça da basílica para efetuar sua entrada, ao som do Te Deum, na igreja de santa Catarina. Entretanto, no que deveria ter sido um dia de festa, a jornada foi marcada pelos trágicos acontecimentos que golpearam os países desta região.

Em Mar Elias, o Custódio expressou sua solidariedade ao coronel israelense que perdeu seu irmão no incêndio do Monte Carmelo. Depois da janta, o Custódio junto a todo o Discretório e os frades Ibrahim e Samir, os frades franciscanos egípcios e os coptos católicos, dirigiram-se ao Peace Centre para apresentar suas condolências aos coptos ortodoxos.


O padre Antonio Urashalimi, representante do arcebispo Anba Abraham, já lhes havia recebido pela tarde e percebeu-se uma grande presença de muçulmanos que se tinham aproximado para partilhar a dor e condenar de forma unânime o atentado.

Pela tarde, o Custódio, depois do canto das primeiras Vésperas e enquanto os franciscanos permaneciam na basílica para recitar o ofício das leituras, acompanhado pelo padre frei Marwan Di’des e seus vigários e frei Rami Haitham Yalda Asakrieh, visitaram diferentes comunidades para lhes dar suas felicitações, obter notícias e conhecer seus projetos e partilhar com eles a alegrias e a dor.

Este foi um ano doloroso: Irmã Annaïde, das dominicanas de santa Catarina de Sena, perderam três de seus familiares em diferentes acontecimentos no Iraque e as irmãs franciscanas do Coração Imaculado de Maria ainda sentem a perda de três de suas irmãs no acidente ocorrido em 24 de dezembro.

Na visita do Custódio a algumas comunidades se percebia claramente como a dor foi partilhada por todos em um período tão difícil, inclusive a enfermidade de um frade preocupa, de fato, a todos.

Diante dos responsáveis dos Escoteiros e da Ação Católica, o padre Custódio insistiu sobre o fato de que as atividades oferecidas devem difundir um espírito religioso e que, dirigindo-se especialmente aos jovens, devem permitir-lhes crescer e se convertem em jovens responsáveis e capazes de se pôr a serviço das comunidades locais em um espírito de unidade para a formação de todos. Intenções e objetivos que seguramente não estariam longe de seu espírito quando, à meia-noite, o Custódio inaugurou o ciclo de missas que se celebram a cada meia hora, da meia-noite às sete da manhã.


Prosseguindo, os latinos seguiram com as celebrações da festa da Epifania com uma missa solene presidida pelo Custódio e que contou com a presença dos Cônsules Gerais das quatro nações latinas.

Enquanto isto, a atenção da cidade se voltou para as sucessivas entradas dos patriarcas e bispos orientais ortodoxos que começavam sua celebração de Natal.

Assim como no dia 24 de dezembro, foram os escoteiros católicos que se encarregaram de animar a missa, com exceção dos escoteiros coptos, que permaneceram em silêncio, já que o arcebispo copto também realizou uma entrada muito discreta em sinal de luto.

Durante todo o dia, a Igreja da Natividade, e sobretudo a Gruta, encheu-se de cantos, também das igrejas orientais que sucessivamente celebraram vários ofícios. Mais tarde, ao final da oração das vésperas, realizou-se a volta do Custódio e de todos os frades franciscanos, que desceram para levar ao Menino Jesus os presentes dos Reis Magos: o ouro, o incenso e a mirra.


O Custódio, com a imagem do Menino Jesus sentado em seu trono, Príncipe da Paz, fez três vezes a volta no claustro permitindo aos fiéis manifestar sua adoração ao Filho de Deus feito homem, imagem que é venerada como representação simbólica.

Durante algumas horas na basílica houve um pouco de trégua. Os fiéis locais se dispersaram deixando espaço a alguns peregrinos enquanto que, entre os bastidores, os ortodoxos se preparavam para uma longa noite em que, na mesma basílica, coptos, siríacos e gregos ortodoxos iam celebrar o Nascimento do Messias, cada um segundo sua própria cultura e língua... A alegria de um novo Natal volta a acender a luz da esperança.

Mab

Tradução: Frei Leonardo Pinto dos Santos
http://www.custodia.org/L-Epifania-sotto-il-segno-dell.html

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