sexta-feira, 1 de outubro de 2010

O difícil caminho de Emaús

Domingo, 26 de setembro. O santuário franciscano de Emaús al-Qubaibeh acolheu seu primeiro grupo de peregrinos depois de quatro meses. Por causa da festa dos santos Cléoas e Simeão, a Custódia não deixou de organizar a tradicional peregrinação a este povoado da Cisjordânia, onde a tradição situa o encontro de Jesus com os discípulos que caminhavam “com o rosto triste”.

No ônibus que conduz os frades a Emaús, o padre Beda não reconhece o caminho, e tem razão. O caminho tradicional, que a cada ano é mais difícil de atravessar, está agora totalmente cortado. Para ligar seus dois assentamentos, os israelenses construíram uma estrada nesta zona palestina e por “motivos de segurança” construíram outra para uso exclusivo dos palestinos. Mas, é realmente um caminho? À esquerda e à direita se erguem altos muros com cercas de arames farpados no topo. Sobre nossa cabeça não se vê o céu e, ao nosso redor, desaparece a paisagem.

Além disso, para poder ter acesso a essa estrada, a peregrinação da Custódia teve que pedir permissão e lhe foi concedida como favor a abertura excepcional do ponto de controle de Mahame Givon, evitando assim ter de entrar na Cisjordânia através do ponto de controle de Qalandiya. Favor este que, ainda por cima, aumentou o trajeto em vinte minutos. Mas é um favor do qual goza frei Franciszek Wiater, guardião do santuário. Para ir a Jerusalém, que está a somente 11 quilômetros, demora pelo menos uma hora, e “tudo depende do tempo de espera em Qalaniya. Pode cegar a ser duas horas”.

Este é o motivo pelo qual nenhum grupo vem a Emaús al-Qubaibeh. “Não é que não haja grupos que não querem vir celebrar aqui – assegura o porteiro do convento –, mas quando se lhes explica como chegar ao convento, desistem de fazê-lo”.

Comentando esta situação, frei Artemio Vítores, Vigário custodial, comparou a estrada como um difícil caminho “que os homens se empenham em fazer ainda mais difícil. Durante a missa, temos rezado pela paz, para que estes muros possam desaparecer e os homens possam encontrar caminhos de comunicação”.

Esse espírito de esperança foi destacado durante a homilia da missa que presidiu. “Estamos realmente convencidos de que Jesus é o centro de nossa vida e que a Cruz é o caminho à glória da Ressurreição? Cabe a nós pedirmos ao Senhor que fique conosco, para que passemos da tristeza à alegria da Páscoa, do pessimismo ao entusiasmo”.

Convencida e reconfortada por Cristo durante a Eucaristia, a pequena assembléia, que se uniu aos poucos cristãos dos arredores, voltou-se a reunir para um almoço fraterno no refeitório do convento.

Depois do almoço, os frades voltaram pela mesma estrada, com o desejo de levar a Jerusalém esta notícia: “Realmente Ele venceu a morte e ressuscitou!”.

Mab
Tradução: Frei Leonardo Pinto dos Santos

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