R. - É um balanço positivo. Como eu sempre disse, não há resultados operativos, mas foi uma experiência maravilhosa de Igreja encontrar todas as realidades eclesiais do Oriente Médio reunidas aqui em Roma, com Pedro e numa troca de opiniões, de idéias e experiências que enriqueceu a todos. Talvez não tenha resolvido todos os problemas, mas nos deu uma visão mais lúcida da situação e também perspectivas.
P. - Vocês franciscanos são os custódios dos lugares santos ligados à presença de Jesus na Terra Santa, lugares caros a toda a cristandade e esta condição lhes dá um pouco “o termômetro da comunhão entre as igrejas, entre os cristãos. Quanto trabalho deve ser feito ainda, qual contribuição o senhor acredita que este Sínodo deu?
R. – Certamente, há ainda muito o que fazer. É verdade que foi feito um grande caminho, que muitas Igrejas ortodoxas se aproximaram, mas permanece o fato das suspeitas, dos preconceitos e dos medos que ainda são muito visíveis e tangíveis. Nos lugares Santos e na Terra Santa isso se percebe muito bem. O Sínodo chamou a atenção para muitas questões e foram feitos pedidos precisos e específicos às Igrejas irmãs ortodoxas; esperamos que isso seja o início de um novo modo de se falar, mais franco e claro.
P. – O senhor acha que este Sínodo tenha incentivou a dimensão do testemunho?
R. - Sim, porque isso significa concretamente viver como cristãos na nossa realidade, que é uma realidade de minoria em relação à maioria muçulmana e judaica em Israel. Como viver esse testemunho? Primeiro, numa maior comunhão entre as Igrejas católicas, em maior harmonia com as Igrejas ortodoxas e, especialmente, sendo capazez de se consumar, investir e participar na vida pública do país de forma positiva e construtiva.
P. – No centro da atenção dos Padres sinodais, nestes dias, esteve também a necessidade de aumentar o diálogo com as outras duas grandes religiões monoteístas. Qual a contribuição desse Sínodo?
R. - Este Sínodo discutiu longamente sobre a relação, sobretudo, com o Islamismo; um pouco menos, por razões óbvias, com o Judaísmo. Em alguns países, essa experiência é dramática, enquanto em outros é mais positiva e essas duas realidade foram discutidas no Sínodo. Mas o que é comum a todos - e é um pedido muito forte - é a plena cidadania, plenos direitos, o desejo de colaborar e de construir juntos o futuro, o projeto e a visão da sociedade do Oriente Médio. Eu acredito que este Sínodo será lembrado como um momento muito claro, muito forte e muito franco; não houve impulsos positivos acríticos e nem mesmo houve um desejo de criticar, só por criticar. Foi um Sínodo muito realista. Acredito que o diálogo, assim, se tornará mais concreto.
P. - Apesar do caráter pastoral do Sínodo, inevitavelmente discutiu-se sobre o conflito israelense-palestino e o impacto que o mesmo tem na vida dos cristãos na Terra Santa. Hoje a resolução deste conflito vive um período de impasse. Qual é a contribuição dos cristãos?
R. - Os cristãos não poderão dar uma contribuição operativa, concreta, visível e tangível, hoje, imediatamente. Os cristãos podem, através das relações internacionais, manter viva a atenção da comunidade internacional para o problema, que é um problema real. Podem testemunhar, com a vida e no território, a capacidade de não desistir, de olhar para frente com uma atitude positiva.
P. - Este Sínodo pode ser visto como um novo ponto de partida?
R. – Absolutamente sim. Não é o fim mas o início de uma nova experiência. Certamente teremos uma nova forma de sentir-se Igreja, de maior comunhão. Uma das resoluções, um dos desejos mais forte de todos os Padres sinodais é continuar a encontrarem-se para poder conversar. Esse desejo já existia e agora é mair forte.
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